20 maio 2013

Nova Conquista no Banguelo: "Lembranças dos Bons Espíritos" (relato)


Brincando com a Luz do SOL depois da escalada.

Neste último domingo revivi algumas boas sensações. Estar na Paraíba, já é um fato que, por si só, acentua meus sentidos e me reconecta com memórias muito significativas. E escalar na Paraíba, tem um gostinho especial. Bom demais.

Fomos eu e meu amigo, escalador paraibano, Wolgrand Falcão à Pedra do Banguelo que fica no município de Caldas Brandão/Cajá, perto da cidade de Campina Grande.

A Pedra do Banguelo é uma excelente opção de escalada para quem mora em João Pessoa (40 minutos) e não tem muita disponibilidade ou tempo de viajar para outros lugares mais distantes como Campina Grande (1:20h); Pedra da Boca (2h) ou Serra Caiada (2:30h). E, o lugar vem sendo muito bem desenvolvido por escaladores de Campina e João Pessoa. Acho que fui lá umas 5 ou 6 vezes e, todas as vezes voltei com muita satisfação. Abrimos uma outra via lá, eu e Bernardo, em uma das vezes que fomos lá (talvez 2007?). Só não lembro o nome da via! :)

Fui me encontrar com Wolgrand e saímos de J.Pessoa quase 07:00h. No caminho tivemos uma conversa muito interessante sobre: Espiritismo, experiências transpessoais, pessoas queridas que se foram e, ego entre escaladores. O município de Cajá é uma boa pedida para desfrutar delícias do Nordeste, então ali, parei para beber uma água de côco e comprar uma tapioca para almoço. Maravilha!

Chegando no Banguelo, um encantamento me assolou. No mês passado fizemos, eu e Tonto, um "tour" de escalada entre Paraíba e Rio Grande do Norte e vimos muita seca! Chegando no Banguelo, eu quase não acreditei: aqueles morros rochosos cheios de vegetação, paisagem bucólica, as vacas pastando. Pensei logo na música cantada pela Elis Regina: "Eu quero uma casa no campo, onde eu possa compor muitos rocks rurais.." Fiquei animada! 

A trilha para este setor é lindamente mantida graças as vacas locais. Uns 25 minutos caminhando, com uma porção bem íngreme no final.  Já começamos a sentir o calor paraibano "de lascar!". 

Eu e Wolgrand depois da suadeira na subida da trilha.
O Wolgrand foi me apresentar as vias do lugar, umas 3 neste setor, e, em seguida foi me mostrar uma fenda que ele tinha tentado subir com um amigo, mas tinham desistido depois de alguns metros.  Quando vi a fenda, foi tipo: "amor à primeira vista"!. Fiquei MUITO mais animada!! Óbvio, que minha opção foi para a conquista, não via a hora subir aquela fenda!



Foto da fenda. Ainda tem 4 metros para baixo, que não apareceu do ângulo que eu estava.
Então lá fomos nós. Eu começei a organizar meu "rack", e o Wolgrand me ajudou muito com as informações baseadas em sua experiência passada. 

Selecionando o equipo

A retinida mágica de Wolgrand.

Quando começei a escalar o sol já estava forte. Deveria ser  9:30 da manhã. A via tem EXCELENTE proteções, a qualidade da rocha é simplesmente maravilhosa! Não tenho certeza que tipo de rocha, mas me parece muito um quartizito. Inclusive, existe milhares de pedaços de quartzo espalhados por todos os lugares, pode-se até ver os pontos brancos no solo desde lá de cima da via, coisa linda!
A rocha estava com terra e musgos secos e também encontrei uns 3 cactos no meio da fenda. Obrigada, Wolgrand, por ter levado o arsenal de peças grandes!!! Oh, GOD! Repeti o #3, #4 e usei ainda  #5 e #6 (opcional) uma vez (Black Diamond). Recomendo 2 jogos. Não usei stoppers. Fitas longas ajudam para a passagem do teto (pela esquerda) e também em uma travessia para a direita depois do teto, senão vai ter um atrito quando entrar no crux: fenda larga, logo depois da travessia na fenda horizontal de dedos.

A via é linda! 100% em móvel, 35 metros de pura fenda, muito poucos movimentos de "face climbing", um lance aqui e ali de aderência. A travessia é "jeitosa" também, mas não é difícil. O crux é a fenda larga depois da travessia, que me fez reclamar um bocadinho! Lembrei na hora da Kika, se ela estivesse ali, estaria rindo muito de minha cara, quando a gente escala, eu evito as fendas largas à qualquer custo! Chegou a minha hora! :) E, foi bom demais!

Fiz a via em 01 "esticão". A corda de 60 metros não chega no chão, rapelando da árvore no topo. A árvore está em perfeitas condições, no entanto, não custa nada fazer um "backup" para o mais pesado descer primeiro e observar. Tinha outras árvores que não estavam boas, lá em cima. 


Registro do crux no rapel.
Enquanto Wolgrand vinha "limpando" a via, eu estava lá em cima na árvore, sentada na sua raiz e contemplando o visual maravilhoso, e um gavião voando de lá pra cá. Lembrei da minha primeira escalada "ever", quando tive uma experiência muito intensa com um gavião. Me senti muito feliz em reconhecer que posso ser raiz e posso ser pássaro também. Que presente é poder se sentir parte do Todo e poder comungar com a magia da Vida.

Demos o nome: "Lembrança dos Bons Espíritos"- 5° VIsup E2. 
Equipo: 2 jogos (até #3) + #5 e #6(opcional).
Corda: 70 metros.
Dica : recomenda-se começar a escalar muito cedo. Wolgrand vomitou depois de concluirmos a via devido ao forte calor ao qual fomos expostos! "Rapadura é doce, mas não é mole não! ". :)

Abraços e Boas Escaladas!
Mita


4 comentários:

Unknown disse...

lindo relato mari. adorei! me deu uma vontade tremenda de conhecer esse lugar e essa via em fenda. Parabens!!

Stenio Torres.

RoGelly disse...

Adorei o relato! Fiquei doida para ver a fenda.

Seja sempre raiz e sempre gavião, Mariana!!!

E aproveite essa energia que só tem nesse lugar mágico.

Grande beijo.

Ro

Maíra Beltrão disse...

Mary, procurando sobre a pedra do banguelo hoje achei seu texto.. muito bom!
Fiquei interessada na conversa sobre: Espiritismo, experiências transpessoais, pessoas queridas que se foram e, ego entre escaladores...
E com vontade de escalar a via claro! beijo

dagoivan disse...

Nao sabia dessa via ai no banguelo. ..show